quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Pensadores...Pensadores????!!!


Depois de ler o texto “Ignorância verbal e Visual” de um multi-super-profissional (Jornalista, fotógrafo, mestre em design gráfico diretor de uma empresa de Comunicação de SC), publicado em uma revista eletrônica voltada à “comunicação”, no dia 27 de janeiro de 2010, pensei sobre a ignorância das classes: o proletário e a burguesia, ambos totalmente cegos. Na voz dele, fala a classe intelectual, jornalistas, publicitários, designers...os homens da comunicação que, possuindo ou não nível superior, adota condutas intelectualmente superiores.

Não agüentando a pressão, resolvi extender, para não esquecer que não começo nos pés e termino na cabeça.

Fala “daquelas pessoas ignorantes”, o intelectual que mal sabe o real peso e necessidade de uma universidade (ou conduta intelectual). O que ele faz é tão-somente reproduzir o que lhe ensinaram: ser superior “àquelas pessoas ignorantes”. O que aconteceu aos intelectuais? O que acontece com os “pensadores” de hoje em dia que não conseguem produzir algo de novo?

Devemos nascer para fazermos obras maiores, mais edificantes. E o que acontece hoje é apenas a reprodução “intelectual”, mantendo o status quo de forma inigualavelmente hipócrita, pois nunca na história, acredito, terem sido tão recorrentes os pensamentos iguais.

“Eu tenho nível superior”. Parabéns, você acaba de garantir seu lugar em uma cela individual, assim não terá que dividir os 30 m² desse ambiente com mais 79 presos, que são parte “daquelas pessoas ignorantes”. Caso você não tenha nível superior, mas se comportar como o formador de opinião intelectual de nossa Era, não se preocupe também.

Os pensadores da atualidade são aqueles que saem da universidade, ou melhor, de uma instituição de ensino que de nem de longe lembra aquela instituição que instigava as pessoas ao pensamento, reflexão, dúvida e, finalmente, ao demasiado humano questionamento. As universidades de hoje em dia são putas que têm filhos bastardos, filhos de muitos pais com pensamentos iguais, em uma só direção: a execução de sua prole assim que ela os acabar de servir.

Sim, são filhos das putas por que assim deixam que suas mães sejam usadas e assim preferem seguir.

Talvez haja cólera em demasia nesse meu texto, talvez eu devesse ser mais branda. Mas antes esbravejar contra algo que é tão claro e evidente que acabar encarcerada em uma prisão que você, intelectual ou expert, não enxerga, mas é muito mais brutal do que aquela a qual me referi anteriormente.

Não que não haja esforço para entender o pensamento de universitários ou graduados ou até doutores aos quais me refiro. Não necessito de esforço, pois conheço muito bem essa prisão, com suas grades invisíveis, mas que funciona igualmente à uma prisão estilo Bangú, sempre baseadas em moedas de troca. Sei bem o que é almejar a diretoria de uma empresa, querer ser reconhecida como grande cineasta, ter um super carro com o qual possa desfilar, ser juíza, eu já tive esses sonhos. E poderia conseguir qualquer um que escolhesse. Por isso não me julgo melhor ou pior que qualquer outro.

Mas depois de uma conversa esclarecedora que tive com dois irmãos, começo a perceber que nenhum desses sonhos foi algum dia audacioso. Audacioso é questionar e tentar entender o por quê, não só sentir e fazer, como nos ensinam os livros de auto-ajuda. Audacioso é pensar o contrário do que lhes mostram e esse é um exercício muito maior do que furar a língua ou ariscar um negócio novo com sua empresa.

Audácia é a premissa pregada por aquela que um dia foi a universidade: pensar diferente para fazer uma obra maior, que irá edificar a humanidade. Nunca para provar sua importância individual, não para ter ganho ou lucro, premissa essa da ideologia daquela que chamam universidade hoje em dia. E não entenda por edificar a humanidade criar novas ideias velhas baseadas na lei do “eu ganho algo com isso”, como a reprodução da mesma coisa em formato diferente (vide novas mídias).

Entenda que edificar a humanidade é o simples exercício de edificar o humano, não seus desejos pautados na fantasia criada por um sistema lucrativo que foi histórica e perversamente delineado. É biblicamente simples. Universitariamente audacioso. Talvez complexo demais para a intelectualidade de hoje.

Obrigado aos que me ajudaram a refletir: Kayo Ygor e Lívia Suellen

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Escrever ou não? Optei por não.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O show deve continuar?


Olá, saudações do mundo à frente da tela do computador.


Venho dar notícias repetidas, pois a repetição, talvez, cause pane no sistema, esse que é vigente, sistema no qual nós vivemos, o qual implanta, com muita sagacidade e sutileza, a mais cruel de todas as premissas: COMPETIÇÃO.


Perceba: sem querer, realmente sem sentirmos, estamos imersos em algo muito maior do que a simples disputa pelo cargo da empresa, disputa que, aliás, é um pensamento programado para acharmos que a “cruel competição do mercado” é essa para a qual devemos estar preparados, pois “só sobrevivem os mais fortes”.


Assim, nos destinamos ferozmente à luta pelo melhor. E quem não quer o melhor? Mais ainda, quem não quer o melhor para si mesmo? Nos juntamos, nos vestimos de nação, mas pensando, cada um, em seu sonho individual. E aí, seguimos entendendo que devemos subir degraus, ou seja, há sempre a necessidade do pensamento de se estar crescendo. De preferência, bem rápido.


E tudo é bem programado da seguinte forma: até os sete anos você pergunta então te colocam na escola para você “aprender” a responder, como diria o filósofo Mário SérgioCortella. Arrisco ir além e digo que a sequência lógica do vencedor é escola – universidade - mercado de trabalho – presidência da empresa – gorda aposentadoria – e, enfim, a pacífica morte, em um leito abastado rodeado de seus parentes amorosos que irão disputar seus bens. Talvez alguns façam caridade, mas por desencargo de consciência, pois até as doações aos pobres estão programadas.


Mas o que seria de nós, bravos guerreiros leitores de “O Segredo”, “O monge e o executivo”, sem os nossos opostos? Admita, você gosta da violência, para se sentir limpo, para ter de quem falar. Tem repúdio a homossexuais, mas adora vê-los passar para poder comentar com seus amigos sobre a frágil e cômica figura. Você adora os flanelinhas, aos quais dá apelidos impensáveis, pois eles lhe lembram que você é um vencedor, você não é igual ele.


Meu pai costumava dizer que “o mendigo só é mendigo por que ele deixou de ter sonhos” e dizia isso com a inocente sensação de que me empurrava aos sonhos e planejamentos de uma vida confortável, em um apartamento em Copacabana. Hoje li uma matéria no jornal em que era relatado que um garoto fora esfaqueado por um colega de classe e a irmã deu a seguinte declaração: “Isso não vai ficar de graça, porque o meu irmão é estudante e não moleque de rua.”


Todos gostamos de ser bons e outros vão além dizendo que quando são bons, são bons e quando são maus, são melhores ainda. Gostamos de nossos empregos e fast-foods e de rir dos filmes blockbusters e de pensar assistindo filmes israelenses e de nos sentirmos bem pela vitória de um povo pobre sobre um mais rico, pois a justiça foi finalmente feita. Admita que se é mesquinho até quando se pensa no bem, pois só se pensa em ser bom para poder SUPERAR o mau.


É como se precisássemos do feio para irmos atrás do bonito. Como se precisássemos do pequeno para nos lembrarmos que somos grandes. Como se precisássemos do mau para ratificar nossa bondade. É como se precisássemos do miserável, para lembrarmos que somos ou devemos ser ricos.


Se houvesse o entendimento simplório de que não há perda na mudança, só ganhos, pois se há perda dos 3 carros importados acumulados na garagem, como bom capitalista que acumula dinheiro que se é, há ganho do expurgo da violência e da mendicância, há a finalização da pobreza e do princípio da maldade: o desejo colérico pelo que, por direito, não é seu.


Mas pensando em tudo isso, e sabendo que todos sabem disso, lá no fundo, resta a pergunta: quem vai querer se livrar do que é mau já que sem ele nunca se poderá sentir -se melhor?
A doença do Planeta não é o ser humano, o consumidor da publicidade barata ofertada a todo tempo. A doença do Planeta não é a falta de consciência coletiva e ambiental. Não é falta de caridade ou de pensamento ao próximo. Tudo isso está programado. O pensar em tudo isso e a culpa por nada fazer é parte do show.


A doença do Planeta é essa e tão somente essa: a programação.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sobre poodles, pixels e seres...só pra descontrair.


A transformação não virá só pela boa vontade, ela deve ser forçada. Devemos vestir nossas armaduras e nos livrarmos de nossas roupas preguiçosas e acomodadas, dissolver ostenciosas panças burguesas ou proletárias. Devemos vestir-nos de armaduras de seres humanos e ver que movimentos sociais são os únicos que interessam pois o que existe é sociedade e todo o resto é convenção.


Precisamos estar organizados para fazermos essa mudança ocorrer. Diferentes que somos devemos unir nossas diferenças e perceber nossa única igualdade: somos todos seres humanos em um mundo que, por nossa causa, está a apodrecer.


Paremos de negar a existência da necessidade de realocar o ser humano como centro do objetivo social. Na verdade nos colocamos, nós homens, em último lugar na lista de prioridades do Planeta. Economia, globalização, novas mídias, projetos sociais, aparentemente servirão a nós seres, mas, na verdade, nenhum projeto, ironicamente, visa a sobrevivência do ser humano. A promessa da evolução escamoteia a visível degradação do ser humano.


A cada passo dado é cada vez mais visível a separação que sofremos de nós mesmos e, como se fossemos homens duplicados, nos apartamos não só uns dos outros mas do que somos: seres humanos. Somos papel pintado ou pixels unidos, preferimos ser assim. Um dia já repudiamos a ideia do Big Brother, aquele de 1984, e agora, em 2010, idolatramos não só a ideia como o próprio, nós o levamos para dentro de nossas casas e, “só para descontrair”, para não sermos chatos e “tão sérios e neuróticos”, aceitamos ser transformados no que queremos nos transformar.


Eu quero ser um Leão! Eu quero ser um Globo! Eu quero Um Milhão...e meio. Meio doidos, muito sãos, estamos cegos. Tristemente. Só pra descontrair, eu resolvi blogar. Só pra ser mais um. Só pra não me sentir tão só e ficar mais próxima da virtualidade onde estão todos os meus colegas e amigos, felizes, sorridentes, chegando à prometida terra da publicidade. Aceitando. Só pra descontrair, só pra descontrair...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O sim da dor.


Hoje vou escrever sobre algo positivo. Sim, é assim que devemos pensar, não? Tá. Vamos. Vamos lá. É...


Bom, profissionalmente, eu não posso escrever coisas negativas. Segundo regras da Publicidade, estou eternamente fadada, enquanto eu tiver uma ligação com a mesma, a escrever positivamente, sorrindo sins e engolindo meus nãos. Que meus nãos fiquem pra mim, só pra mim, e ninguém tem nada a ver com isso.
Apesar de esse caderno não ser uma extensão do meu trabalho, extende-se nele um sentimento de profundo de desprezo que sinto pela positividade evidente, aberta, escancarada, uma positividade publicitária.


Mas devo escrever sobre algo positivo, não era esse o propósito?
Uma vez a Madonna, pessoa muito inteligente e profunda conhecedora da alma do ser humano pós-moderno, revelou que não há arte sem dor. Que os artistas devem passar por momentos de dores profundas para que consigam compor lindas canções ou pintar bonitos quadros, para esculpir algo superior ao que é humano.


Concordo. E no fundo de minha mente sempre soube que a dor não necessariamente é negação. Quando se chega ao extremo de algo é quando estamos mais próximos do oposto daquela coisa. É nos cortes que as lágrimas fazem no rosto que o pensamento caminha para a lembrança do que é estar extremamente feliz. Por que é assim que gostaria de estar.


Então, que toda a dor, embora felizmente passageira, venha, se for para que eu sinta a saudade do que é estar sã, bem. Para que eu possa escrever sobre a dor de não ter algo que é bom. E, pense, esse não é um texto negativo. Pelo contrário. É uma ode à positividade, a estar bem. Nunca plantarei a semente do mal.


Então, SIM! Esperemos o melhor, o bom, o que traz paz e, estando em guerra devemos também amá-la, pois sem ela não há paz. É apenas uma questão de estratégia. SIM! Que nós possamos andar sobre o que é líquido, na fluidez das coisas de nosso tempo, para buscarmos sempre o que é sólido e nos equilibrarmos finalmente. Que sempre nós possamos buscar o equilíbrio entre o que é bom e o que é mau.


Agora, mais do que nunca, que nós possamos admitir a bela existência do não para que estejamos sempre a buscar o sim. E que reconheçamos que se tudo o que é ruim está sempre entrando por alguma brecha, não devemos afastar mas entender a beleza de que é por isso, exatamente por isso, que temos uma razão pra continuarmos a fechar tais brechas.
Que o não esteja ao redor, pois ele é a afirmação de que existe um sim. E que o sim permaneça sempre no caminho para que lembremos (não adianta negar) que é ele, sempre ele, que estamos buscando.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Stay with me, baby.


Hoje resolvi escrever certo. Cansada de escrever ao contrário do que penso para ver se o pensamento se refaz com outra guia, por outros caminhos. Então resolvi escrever ao som de “Stay with me baby” (veja "Piratas do Rock" ou "The boat that rocked"). Pois o sofrimento é este. Este é o sofrimento. Aquele que aparece quando se sabe estar dando tudo, como o vento se sente ao empurrar as coisas do mundo, como se sente o pensamento quando tenta nos fazer crescer, e não ver resultados ou retornos.

A música ressoa espremendo o coração com o peso da necessidade que inventei. A necessidade que cavei em meus conceitos e crivei em minha vida como sendo a verdade absoluta do mundo. Como se fosse realmente o combustível da vida, moldei a necessidade de outro sem mesmo ser o outro aquilo que precisava.

“Pra onde você foi em busca de carinho? Eu não lhe dei tudo?” ela grita para o outro quando na verdade o que a está abandonando é ela mesma. Esse é o sentimento que está nas notas doces e agudas, nunca amargas, que a minha alma canta hoje. Não há amargura, apenas a sensação de partida. E quem parte de mim sou eu, pois fui eu quem criou o outro. Na verdade não há outro, nunca houve um amante, nunca houve um parceiro. Sempre houve a parte de mim que hoje se vai.

Neste fim profetizado por minha mente pós-moderna, de que adianta gritar para que o outro que não carrega em seu bolso a necessidade que criei, ‘Não se vá, meu amor”? De que adianta gritar como a música poeticamente embalada com uma embalagem pop para ser mais querida e reconhecível faz? De que adianta? O outro nunca vai levar a necessidade, mesmo que eu tenha tentado enfiá-la no bolso mais escondido de meu amante. Ela fica e o que vai é um pedaço de mim. Mas ela fica. Sempre. Buscando aquele pedacinho que se foi e esperando para ver se ela cabe no bolso de outro alguém. Teimosa, como se não soubesse que só pertence verdadeiramente apenas a um ser. Eternamente.