quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Stay with me, baby.


Hoje resolvi escrever certo. Cansada de escrever ao contrário do que penso para ver se o pensamento se refaz com outra guia, por outros caminhos. Então resolvi escrever ao som de “Stay with me baby” (veja "Piratas do Rock" ou "The boat that rocked"). Pois o sofrimento é este. Este é o sofrimento. Aquele que aparece quando se sabe estar dando tudo, como o vento se sente ao empurrar as coisas do mundo, como se sente o pensamento quando tenta nos fazer crescer, e não ver resultados ou retornos.

A música ressoa espremendo o coração com o peso da necessidade que inventei. A necessidade que cavei em meus conceitos e crivei em minha vida como sendo a verdade absoluta do mundo. Como se fosse realmente o combustível da vida, moldei a necessidade de outro sem mesmo ser o outro aquilo que precisava.

“Pra onde você foi em busca de carinho? Eu não lhe dei tudo?” ela grita para o outro quando na verdade o que a está abandonando é ela mesma. Esse é o sentimento que está nas notas doces e agudas, nunca amargas, que a minha alma canta hoje. Não há amargura, apenas a sensação de partida. E quem parte de mim sou eu, pois fui eu quem criou o outro. Na verdade não há outro, nunca houve um amante, nunca houve um parceiro. Sempre houve a parte de mim que hoje se vai.

Neste fim profetizado por minha mente pós-moderna, de que adianta gritar para que o outro que não carrega em seu bolso a necessidade que criei, ‘Não se vá, meu amor”? De que adianta gritar como a música poeticamente embalada com uma embalagem pop para ser mais querida e reconhecível faz? De que adianta? O outro nunca vai levar a necessidade, mesmo que eu tenha tentado enfiá-la no bolso mais escondido de meu amante. Ela fica e o que vai é um pedaço de mim. Mas ela fica. Sempre. Buscando aquele pedacinho que se foi e esperando para ver se ela cabe no bolso de outro alguém. Teimosa, como se não soubesse que só pertence verdadeiramente apenas a um ser. Eternamente.

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